quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Seminário Regional de Bibliotecas Públicas



Tema: Papel da Biblioteca Pública no Desenvolvimento Social e Econômico da Região.

Objetivo: Fortalecer os vínculos profissionais e os conhecimentos biblioteconômicos das pessoas que atuam nas bibliotecas públicas da região compreendida pelo Vale do Paraíba e pelo Litoral Norte Paulista.

Quando: 10 de março de 2012, das 8h00 as 16h30
Onde: FUNDART, Sobrado do Porto, Praça Nóbrega, 54 - Centro - Ubatuba - SP
Inscrições gratuitas.


Evento: Simpósio Brasileiro de Comunicação Científica


Objetivo: proporcionar à comunidade acadêmica discussões sobre a comunicação científica com foco nas perspectivas de acesso aberto/livre e preservação digital, pretendendo avançar na discussão destas duas temáticas. Nesta edição, além da presença de pesquisadores nacionais e estrangeiros proferindo palestras e participando de mesas-redondas, será aberta a recepção de trabalhos científicos sobre o tema. Os trabalhos selecionados serão publicados em número especial da revista eletrônica Encontros Bibli.

O que: III SBCC
Onde: Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis (SC)
Quando: 05 e 06 de junho de 2012
Tema: Perspectivas em acesso aberto cenários para 2020

Para maiores informações acesse: http://www.sbcc.ufsc.br/index.php/sbcc/sbcc2012

Pesquisador que só "Lattes" não morde


Por Thiago Rocha

O título do texto é, naturalmente, bastante provocador. Talvez tão provocador quanto julgo aberrante essa lógica da produção industrial e narcisisticamente compulsiva que ronda a academia e que quase que obrigatoriamente acaba sugando aqueles que de alguma forma se envolvem com ela. É a tal produção pela produção. Ou melhor, a produção para a produção de um ‘bom’ currículo – gordinho, recheado, robusto – para o pesquisador. O compromisso com o conhecimento, nesse caso, muitas vezes vai pro ‘beleléu’. Aí vira essa guerra de quem publica mais, em quais revistas que possuem quais pontuações, em parceria com quais ‘top-tops’ etc. E da guerra, infelizmente, se faz a mercantilização, o comércio. Isso mesmo. Um comércio antiético, onde a única lei que importa é a da quantidade pela quantidade, da infinita acumulação de capital; em suma, uma prática extremamente ‘antiacadêmica’, se levarmos em conta o que a academia deveria ser (para quê ela nasceu) e o que ela se tornou de verdade (como ela está sendo ‘enterrada’).

Não que eu esteja colocando a ‘culpa’ de tal lógica inteiramente no capitalismo – assim eu acabaria dando espaço para me chamarem de paranoico, raso e imprudente. No entanto, é a ele que, em última instância, esse sistema serve atualmente – quem ele imita e por quem ele, por tabela, se limita –, e isso considero ser razoavelmente difícil de negar. Hannah Arendt fez um comentário bastante interessante sobre a origem da academia na Grécia Antiga e o seu princípio motivador: “assim como a libertação do trabalho e das preocupações com a vida eram pressupostos necessários para a liberdade da coisa política, a libertação da política tornou-se pressuposto necessário para a liberdade da coisa acadêmica” (O que é política, p. 63); neste caso, “ao mundo das opiniões mentirosas e do falar enganador devia ser oposto um mundo contrário da verdade e do falar adequado à verdade; à arte da retórica, a ciência da dialética” (pp. 64-65). Mas aqui nesse ponto eu me pergunto: será que alguma vez a academia conseguiu ser isso que ela tanto quis ser? Acredito que não. Pelo menos, não nesses termos.

O fato é que de uma forma ou de outra a ‘ciência’ – de maneira bem geral – sempre esteve atrelada a algum poder específico – religioso, político etc. – até se tornar, ela mesma, um poder próprio por excelência, o poder da ‘verdade’ – a verdade que leva o carimbo de ‘cientificamente comprovada’, a verdade revelada por aqueles que compreendem o mundo muito melhor do que os meros mortais que se deliciam com ‘as opiniões mentirosas’ que rondam por aí e que contaminam o mundo. Mas será que já conseguimos mesmo nos desvincular totalmente da ‘arte da retórica’ para enfim chegar a uma verdadeira ‘ciência da dialética’, por exemplo? Sinceramente, acho que não – ou melhor, quando isso acontece, é meio que contra nossa vontade, quase um ‘erro de cálculo’ nos termos de Rancière. Bakhtin já dizia que todo conhecimento já nasce para ser superado, e que, por isso, é sempre mais interessante (dialeticamente produtivo, digamos) possuir adversários qualificados do que estar rodeado de ‘aliados’ medíocres – nada mais coerente.

Mas o que dizer do evidente controle político que determinados grupos (‘correntes de pensamento’) fazem dos seus respectivos programas para engessar a ‘batalha dialética’ e, assim – ao boicotar ao máximo as visões contrárias às suas –, estabelecer a sua verdade como hegemônica? O que dizer dessa aberração que transforma a ciência em dogma, em fé? Será que essa prática está realmente preocupada com o conhecimento em si, ou apenas com o ego dos que obtêm o controle político da ‘verdade’ naquele determinado espaço? Outro dia ouvi um relato sobre uma professora que em plena sala de aula (numa pós-graduação!) soltou a seguinte pérola: “eu não sei o que é que os anarquistas e os pós-modernos ainda estão fazendo na academia; já que eles a criticam tanto, não deveriam estar lá”. É mole? Seria cômico se não fosse trágico. E o pior é que está cheio de gente por aí que pensa de modo parecido, por mais que poucos tenham coragem de falar tal aberração em público.

A capitalização do conhecimento

E é aqui nesse ponto que a aberração política é complementada pela aberração mercadológica. Afinal, sinceramente, qual é a motivação principal de um pesquisador quando faz (e publica) um artigo, por exemplo? Idealmente, não temos dúvida de que deveria ser o compromisso com o conhecimento, a crença de que aquilo de alguma forma trará uma contribuição clara e efetiva para as discussões daquele campo. Mas infelizmente sabemos que muitas vezes não é exatamente isso que acontece. Normalmente publicamos porque temos que publicar: porque o programa ao qual estamos vinculados nos cobra (e ele quer e precisa pontuar cada vez mais porque o governo e suas agências de financiamento também lhe cobra isso); porque queremos e precisamos ‘fazer’, rechear, nosso currículo para podermos ter uma boa vitrine de pesquisador quando formos concorrer a uma vaga num concurso, por exemplo – ou para manter nossa posição intocada em alguma instituição; e porque, claro, também é bom para o ego saber que publicamos tantos artigos em tempo recorde nas melhores revistas do Brasil e do mundo na nossa área – o que rapidamente fará de nós uma ‘referência’ naquele campo do conhecimento. E é aqui que a lógica do quê se publica se transforma na do quanto se publica; é aqui que a qualidade acaba se vendendo ao mero aspecto quantitativo, o que proporciona a formação de um grande mercado (às vezes, máfia mesmo) de publicação.

Não estou aqui criticando simplisticamente o fato de se publicar. Muito longe disso. Afinal, como dizia Sérgio Sampaio, “um livro de poesia na gaveta não adianta nada; lugar de poesia é na calçada”; da mesma forma, lugar de artigos, de ideias, de descobertas científicas é nos livros, nas revistas, e, mais ainda, idealmente, na calçada também. O problema abordado é o como e o para quem se publica. No primeiro caso, o grande contrassenso é justamente a ‘máfia’ inescrupulosa que muitas vezes se cria para poder publicar cada vez mais. E minha crítica, naturalmente, está direcionada a esses casos (absolutamente reais). Um exemplo são as panelinhas do tipo “pô, bicho, bote meu nome aí no seu artigo, que quando eu fizer o meu eu coloco seu nome também”. Ou então quando o cara publica o mesmo artigo várias vezes mudando apenas algumas palavras em um ou outro parágrafo. Ou ainda quando o cidadão se aproveita do seu título acadêmico (de doutor, mais comumente) e apenas ‘assina’ artigos de/com outros (que não possuem aquela qualificação exigida por tal ou qual revista) para que o artigo possa ser aceito e publicado – muitas vezes o cara não sabe nem o que está escrito no ‘seu’ próprio texto.

Ou também quando o professor dá uma disciplina na faculdade, pede que cada aluno escreva um artigo (publicável, claro) como avaliação e no final ele ‘corrige’, assina junto com os estudantes e engorda seu Lattes em uns 30 ou 40 quilos numa garfada só. Aí depois – o que é ainda mais bizarro – esse cidadão vai para o MSN (hoje em dia, Facebook e Twitter) e estampa o resultado do seu ‘sucesso’: “30 artigos publicados em 2011”. Parabéns para você, meu caro. Mas realmente não é nesse tipo de ciência que eu, particularmente, acredito. Só que o governo e as universidades parecem crer e estimular isso mais que ninguém, e de maneira extremamente superficial. Aí, no fim das contas, acabam ‘punindo’ e ridicularizando aqueles que não seguem tanto essa lógica, colocando-lhe uma estampa pública de ‘produção insuficiente’. Nesse caso, não importa mais nada – rendimento em sala de aula, projetos paralelos (de extensão, inclusive), repercussão de publicações anteriores –, pois os números falam por si: e assim o mercado é fortalecido – capitalismo selvagem.

No que diz respeito ao ‘para quem’ se publica, o problema não é menos grave, já que poucas pesquisas conseguem de fato chegar às ‘calçadas’. Ao contrário, as discussões são extremamente elitizadas, fechadas em si mesmas, e para os mesmos poucos que debatem num ambiente quase que privado, seleto. Até porque, a nossa grande crença (arrogância) na academia é achar que ‘intelectual’ só pode falar com/para ‘intelectual’; que ‘especialista’ só consegue ser compreendido devidamente por outros ‘especialistas’ – afinal, quem de nós quer perder tempo explicando nossas teorias mirabolantes para pessoas tão mediocremente educadas? E ponto final.

Mas aí você vai num congresso que te cobra R$ 400 de inscrição – porque nesses eventos o que vale mais é a sua fama e o seu apelo, assim como quem determina o preço de uma roupa é o simbolismo da marca e não a qualidade do produto em si – e sai de lá com a sensação de que (pensando mercadologicamente) as discussões não valeram mais do que R$ 50, dado o grau de repetitividade e as apresentações em escala industrial, com pouco filtro de qualidade e quase nenhum tempo disponível para um debate realmente qualificado – sem falar que, como o que vale mesmo é apenas apresentar e publicar, muitas vezes o cidadão espera a sua vez, fala o que tem que falar no seu GT e vai embora; e as coisas morrem ali mesmo; afinal, pontuar no Lattes é o que importa. E é dessa forma, dada a grande demanda (pois cada vez mais gente entra no ‘mercado acadêmico’), que o negócio de congressos, colóquios e afins está em constante crescimento, devido ao seu alto grau de lucratividade – financeira e, claro, ‘lattesiana’, já que organizar eventos também é uma ótima forma de ‘pontuar’.

É por isso que, na minha mera opinião, pesquisador que só ‘Lattes’ não ‘morde’ – ele apenas ‘engole’ e ‘vomita’ essa lógica. Não morde porque já foi mordido por um sistema (perverso) que faz com que em muitos casos o autor visto pela vitrine do Lattes pareça muito mais competente do que o que ele é de verdade; que pareça contribuir mais para o seu campo de estudo do que de fato contribui. Não morde, em suma, porque suas pesquisas são meramente funcionais, feitas apenas para seu próprio benefício, o de ter um currículo ‘invejável’, e não para de alguma forma ajudar a melhorar o mundo, sei lá, ou por qualquer outra motivação menos narcísica. E esse é um dos grandes problemas da academia atualmente: em vez de estimular a qualidade das produções através do pensamento crítico, por conta dessa lógica ela acaba contrariamente contribuindo para o conformismo, fazendo com que o indivíduo que entra na universidade com vontade de produzir aquilo em que ele acredita saia preocupado apenas em ‘engordar’ o seu currículo Lattes.

Mais uma vez – só para razoavelmente me precaver de determinadas críticas –, não sou contra o currículo, de forma alguma – até porque é absolutamente importante e necessário organizar, categorizar e publicizar aquilo que a gente faz (inclusive para prestar contas para o governo e a sociedade, que é quem nos financia): o que eu particularmente não engulo, por mais mastigada que essa prática já esteja, é essa lógica mercantil que se apropria cada vez mais do currículo por meio de um uso vazio e irresponsável. Daí que, da mesma forma que utilizamos o termo ‘academia’ para descrever o lugar que frequentamos para malhar o corpo, acabamos, assim, mesmo que inadvertidamente, usando a academia (através do Lattes) apenas para ‘malhar’ o ego. Não que todos sejam assim, obviamente; mas com certeza existem muitos; muitos mais do que gostaríamos que existissem. Ou seja, tudo isso – independente do grau de ocorrência e dos meus possíveis exageros críticos –, portanto, não se trata de uma grande aberração? Para mim, a resposta está mais que clara…


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Melhores faculdades de Biblioteconomia no Brasil


Quais as melhores faculdades de biblioteconomia no Brasil? Muitas são as formas de avaliação de um curso e de uma faculdade, algumas formas bem pessoais, por sinal. Neste post usarei o conceito IGC – Índice Geral de Cursos do MEC, que avalia os cursos e instituições superiores no Brasil e atribui a cada um deles uma pontuação que varia de 0 a 5.

Segundo a avaliação do Ministério da Educação, as melhores faculdades de biblioteconomia do Brasil são:


*A USP não participa da avaliação.

Biblioteconomia é a ciência que estuda os aspectos da representação, da sistematização, do uso e da disseminação da informação através de serviços e produtos informacionais. Trata sobre a análise, planejamento, implementação, organização e a administração da informação em bibliotecas, bancos de dados, centros de documentação, sistemas de informação e sites, entre outros.

Com informações do MEC e Wikipedia.

Fonte: Blog do Luis.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Curso: Bibliotecas Universitárias

Curso a distância FEBAB "BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: AVALIAÇÃO DO MEC" Carga horária: 30h.

 O curso apresenta aspectos da Regulação do ensino superior privado (MEC) e a biblioteca universitária: legislação, diretrizes, instrumentos de avaliação, preenchimento de formulário eletrônico e visita in loco pelos avaliadores do MEC. A biblioteca e sua contextualização nos documentos institucionais:

a) Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI);
b) Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC);
c) Autoavaliação.

Objetivo: Contribuir para que os profissionais, atuantes em bibliotecas universitárias, trabalhem com autonomia e segurança no que diz respeito aos processos avaliativos do MEC.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Bibliotecário


DEFINIÇÃO

O bibliotecário pode ser considerado um administrador de informações. É um profissional que trabalha organizando sistemas informacionais para facilitar a comunicação com o usuário final. Seu objetivo é facilitar o acesso e a geração de conhecimento, podendo desenvolver estudos, pesquisas e ações educativas, e também atuar como difusor cultural. Ele ainda pode usar a organização da informação para atribuir vantagens competitivas em empresas.

O trabalhador da área disponibiliza informação em qualquer suporte e gerencia unidades como bibliotecas, centros de documentação e centros de informação e, ainda, como o desenvolvimento da informática, de redes e sistemas de informação. Ele lida com diversos tipos de fontes de informação - como livros, revistas, documentos, fotos, filmes, vídeos, sites, entre outros.

FORMAÇÃO ESCOLAR

Para se tornar bibliotecário é preciso ter formação em nível superior em Biblioteconomia e Documentação. Segundo a CBO, o bibliotecário é um Profissional da Informação e o exercício dessa ocupação requer bacharelado em Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação ou Gestão da Informação.

Os cursos de Biblioteconomia, oferecidos por diversas universidades federais, estaduais e particulares no Brasil, duram em média quatro anos. São estudados aspectos de representação, sistematização, uso e disseminação da informação. A formação é complementada com o ensino no local de trabalho e cursos de extensão. Há, ainda, opções de mestrado e doutorado na área para os profissionais da informação. No Brasil, a Biblioteconomia é uma profissão regulamentada por lei e seu exercício exige, além da formação superior, o registro do profissional no Conselho Regional de Biblioteconomia.

HABILIDADES

Características pessoais como organização e apreço pelas tecnologias de informação podem auxiliar no desenvolvimento profissional do bibliotecário. É desejável que o trabalhador dessa área seja um profundo conhecedor dos recursos informacionais disponíveis e das técnicas de tratamento da documentação, esteja bem informado sobre novas tecnologias e possua domínio de línguas estrangeiras, sobretudo inglês e espanhol. A área requer, ainda, um processo de educação continuada e, por isso, a pessoa que queira trabalhar com Biblioteconomia deve gostar de estudar e se manter atualizada. É importante também gostar de lidar com o público e ter clareza para transmitir informações.

ÁREA DE TRABALHO

Há muito tempo a ideia de que esse profissional só poderia trabalhar em bibliotecas foi superada. E o bibliotecário pode atuar em qualquer unidade de informação. Em geral, o profissional desse campo pode atuar, além das bibliotecas, em arquivos, museus, editoras, livrarias e centros de documentação e informação de diferentes instituições, tanto na administração pública, como nas mais variadas atividades do comércio, da indústria e de serviços. Sua atuação se destaca nas áreas de educação e pesquisa.

O bibliotecário pode, ainda, realizar assessoria e consultoria para empresas., além de prestar concursos públicos para trabalhar no setor estatal - campo que tem atraído cada vez mais profissionais dada a estabilidade e os salários, geralmente mais altos que no setor privado. Pode desenvolver diferentes funções: Bibliógrafo, Biblioteconomista, Cientista de Informação, Consultor de Informação, Especialista de Informação, Gerente de Informação, Gestor de Informação. Suas funções podem ser executadas de forma presencial e também a distância.

O contrato de trabalho pode ser como assalariado, com registro em carteira, ou como autônomo. A remuneração varia de acordo com a região do país, valendo consultar o sindicato dos bibliotecários em cada Estado para saber a faixa salarial estabelecida. Em média, o salário inicial está em torno de R$ 2.500,00.

No Brasil, a profissão ganhou um dia comemorativo. Na década de 1980, um decreto federal instituiu o "Dia do Bibliotecário" no dia 12 de março, data do nascimento do escritor Manuel Bastos Tigre, considerado o primeiro bibliotecário concursado do país.

(Fonte: DESENVOLVIMENTO do trabalho: 50 profissões de futuro. São Paulo: Editora Caros Amigos, 2011. 119p. p. 44)

Internet é direito humano básico, reconhece ONU


Navegar na internet agora é um direito básico, assegurado pela Organização das Nações Unidas. Um documento de 20 páginas foi publicado na semana passada. Nele, a ONU enfatiza a importância da natureza “transformadora e única da internet”.

Traduzindo: além de ser tratado com respeito, de pedir informação, de mudar de opinião, de ir e vir, a ONU também lhe garante o direito de acessar a internet.

Na prática, fica estabelecido que não pode haver censura – bloqueio de sites, por exemplo -, como recentemente ocorreu na Síria, com o corte de dois terços da rede.

“A recente onda de protestos em países do Oriente Médio e África do Norte mostrou o papel-chave que a internet pode desempenhar em mobilizar a população para pedir por justiça, igualdade e mais respeito aos direitos humanos. Sendo assim, facilitar o acesso à internet para todos os indivíduos, com a menor restrição ao conteúdo online possível, deve ser prioridade”, diz o relatório.

Via Superinteressante.

Para que serve a internet no Brasil?


Por Marcos Bagno

Segundo as estatísticas, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os países com maior número de usuários da internet. Acima dele somente China, Estados Unidos e Japão, em ordem de importância. Sem dúvida, é essa nosso presença que faz do português a quinta língua mais empregada na rede, depois do inglês, do chinês, do espanhol e do japonês - afinal, entre os países, Portugal aparece somente em 49º lugar.

Quando observamos esses números, dá até vontade de comemorar: somos mesmo uma potência emergente, a sétima economia mundial, e nossa presença na internet só vem confirmar isso. Mas antes de soltar foguetes, convém olhar para outros números. Dessa vez, os números da Wikipédia, uma das invenções mais geniais da história do conhecimento humano.

Claro que é covardia fazer qualquer comparação com o número de artigos em inglês (que superam os três milhões), já que essa é a língua materna de países altamente desenvolvidos em todos os campos da ciência e da tecnologia (Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália, etc.), além de ser também a língua mais empregada como meio de comunicação na ìndia (um bilhão de habitantes), bem como a língua franca internacional. É bem provável que muitos dos artigos em inglês da Wikipédia sejam de autoria de pessoas que não têm essa língua como seu idioma materno.

Mas não é covardia comparar os números de artigos em português com outras línguas que apresentam números semelhantes. Vamos começar pelo holandês, que tem cerca de 23 milhões de falantes no mundo todo (dez por cento dos falantes de português), mas apresenta mais de 851.000 artigos na enciclopédia virtual. Podemos também citar o polonês (44 milhões de falantes) com mais de 840 mil artigos e, por fim, o italiano (62 milhões de falantes) com mais de 855 mil artigos. Essas línguas reunidas perfazem a metade dos falantes de português no mundo (230 milhões). No entanto, nossa língua exibe apenas pouco mais de 700 mil artigos na Wikipédia. E a qualidade da maioria desses artigos deixa muito a desejar: são incompletos, incorretos e muito mal escritos.

Qual o mistério? Nenhum. Sabemos que somente 25% dos brasileiros maiores de 14 anos são capazes de ler e compreender um texto de dificuldade média. Esse é um número que não se move há dez anos nos quadros estatísticos. Além disso, nossa secular desigualdade social também se reflete no mundo digital: entre os 10% mais pobres, apenas 0,6% têm acesso àinternet; entre os 10% mais ricos esse número é de 56,3%. Somente 13,3% dos não-brancos usam a internet, mais de duas vezes menos que os brancos (28,3%).

Por fim, vale lembrar que somos o sexto país em números de usuários do Facebook e que metade dos usuários mundiais do Orkut estão aqui. Devemos mesmo comemorar alguma coisa? Em vez de empregar a rede mundial de computadores para a produção e a aquisição de conhecimento, preferimos nos dedicar à "interação social" (haja aspas) e à "amizade" quantitativa. Entramos na cultura digital sem termos passado tempo suficiente na cultura livresca. Será que isso é bom?

Marcos Bagno é linguista, escritor e professor da UnB - www.marcosbagno.com.br 
(Fonte: Caros Amigos, ano 15, n. 177, p.8, dez. 2011)